segunda-feira, fevereiro 06, 2006

vivacidade


Raiou o dia, ao ultimo vôo da coruja!
A luz acendia aos poucos as cores da vida.
Era o dia do casamento da Florentina Azeda com o Zé Malmequer. O Solestino e a prima Vera eram o seus padrinhos. Vera tinha vindo somente de propósito ao casamento, mas prometera voltar mais tarde, depois da lua de mel dos noivos, para ver os filhos destes. O Solestino esse, disse que estava de férias, tinha ainda uns dias para gozar do ano anterior e andava a dar uma mãozinha à prima, mas estaria por aí com mais regularidade, a partir da altura do regresso da prima. Os pássaros cantavam em vários coros afinados a marcha do desfile, as flores, com o seus fatos de cerimonia, olhavam impacientes seguindo o carro brilhante dos padrinhos, as abelhas, como grandes alfaiates, manicures e cabeleireiras não tinham patas a medir, pois todos pediam os seus préstimos, andavam num zum zum ensurdecedor.
Todos tinham sido convidados.
Todos não!
Somente os Humanos não tinham sido convocados, pois estes por má educação ou inveja, pisavam ou roubavam-lhes os fatos. A Igreja por dentro estava entupida só pelos mais pequenos, a Erva de Aninha e o Musgo que tinham as alianças de orvalho cristalino. O casal, vestidos com as melhores pétalas olhavam um para o outro em silencio, mas comentando para com os seus botões a beleza do parceiro. O padre Musaranho realizou o matrimónio e A Carol Xinha leu os salmos. No fim, do alto da torre as rolas anunciaram a todos o enlance. Então agitaram-se todos e em de gritos fragrantes deram vivas aos noivos.

P.S.
Eu como fotógrafo tirei uma foto de grupo, não se vêem os noivos, pois não queria passar por cima de ninguem.

Luis do Nascimento