sexta-feira, novembro 18, 2005

peregrinosseia


Fazer o “camiño”, é como olharmo-nos no espelho e ver nele toda a essência fisíca do ser que somos. Sentir a natureza à nossa volta e poder toca-la com os sentidos, é um tesouro que se descobre ao ritmo do nosso passo. O som das àrvores, o canto dos passáros, o restolhoar das folhas a nossos pés, na diferença do relevo que pisamos que cansa o corpo e questiona a mente.
—Será que consigo?
Por nós, passam gentes de corpos secos a passo firme, às quais ninguem dúvida de seu exito. Mas o “camiño” não é um passeio de fim-de-semana e obriga as pessoas a parar, nem que seja por mazelas. No “camiño” aprende-se a respeitar e a respeitar-se, essa é uma de suas joias. Deixar-nos guiar por ele, que parece saber como nos parar. Num riacho que nos atravessa, no qual pomos os pés tão inchados que já vaporizam, mas que, ao entrarem na água causa tão grande prazer, que em conjunto com paisagem que nos envolve, nos deixa tão extasiados, que nos deitamos de barriga para o ar a ver o cimo das arvores com seus verdes e amarelos, tendo o azul do céu como fundo. Pelo “camiño” conhece-se gentes de muitas nacionalidades que nos fazem sentir que não estamos sozinhos em nossos sentimentos de busca, pais com os filhos, namorados, casados, idosos, grupos de amigos e solitários. Todos eles estão ali por motivos diversos, mas sentem-se bem no “camiño”. Nas aldeias existe sempre um acolhimento amigável por parte dos aldeões que nunca recusam a ajuda aos peregrinos, chegando até a terem agua a correr a partir de suas casas para lhes saciar a sede. No final, nada fica igual! Os rostos refletem uma mudança interior, de que nos damos conta, quando nos encaramos uns aos outros na luz do sol de Santiago de Compostela. É aí, que descobrimos a construção das respostas simples.
—Consigo.

Luis do Nascimento