quinta-feira, julho 19, 2007

Não esperes por mim



Não esperes por mim,
porque o nosso tempo diverge
onde nos encontramos,

Aqui tudo é Longo;

Longa é a manhã que começa
no cantar dos galos,
acordando os camponeses
que ainda no escuro partem,

aos poucos,
o Sol vai abrindo os olhos
na manhã que se estende
prolongando o sossego noturno,


Longa é a tarde que surge
a partir do calor matinal
e que se prolonga
até o rosear do dia,

as estradas,
são longas como veias
rasgando as aveias e o trigo,
descarnando os campos

apenas salpicados
pelo verde dos chaparros
que dão nome às gentes
e pelos pontos brancos
dos montes e aldeias
que teimam em ficar,


Longa é a noite,
em toda a sua imensidão
colando céu e terra
aproxima a longa solidão,

os corpos se apartem do campo
quando escuridão envolta
caminhando para luz
que os trás de volta

envolta de um copo
ou à clareira do lume
se prolonga o trabalho
ou se cantam histórias

ilude-se o destino
dá-se a volta ao tempo
aqui vivesse
cada momento

tempo marcado
pelo calor do dia
não pelo relógio
se não ele fugia,

por isso digo;
este é meu fado
quando cá vires
encontra-me,
vê e entende
como ando eu,

mas não esperes por mim,
porque o caminho é longo
e o nosso tempo diverge