quarta-feira, abril 05, 2006

Lanterna dos afogados


Entraste pela porta
dos desperançados,
daqueles que a vida
desfez em bocados.

Almas perdidas
que a vida atraiçoou,
criadas para o bem
mas que o mundo negou.

Pede uma bebida
e circula pelo bar,
ouve as histórias
de quem quer-te amar.

A média-luz revela
em todas as faces
a pura tela,

um chiaroescuro de sentimentos
onde o Amor se afoga
e perde o julgamento

dos sonhos perdidos
de quem não se achou,
mantidos na bebida
que não os secou.

Este universo agora é teu
no outro lado da porta
tudo padeceu,

amanhã outro dia virá,
colocarás a máscara funebre
e a hipocrisia reinará…
reinará…
reinará.

Até que a noite venha
e te desperte
quando por aquela porta entrares
e te liberte…
te liberte…
liberte…
desperte.